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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Os oito mitos da inovação

Inovação não é só tecnologia, nem precisa ser complexa ou cara


Inovação tem sido um tema recorrente na maioria das empresas. Felizmente, boa parte já entendeu que estamos diante de profundas e complexas transformações e, quem não se adaptar e se reinventar, tende a desaparecer num curto período de tempo. Contudo, o tema envolve muitas nuances, o que faz com que empresários e gestores se sintam perdidos e cercados de dúvidas. Um cenário perfeito para a proliferação de mitos, dos quais oito são desconstruídos abaixo.

Inovação é tecnologia

Quando se fala em inovação, a maioria das pessoas logo associam o tema a tecnologias ultra sofisticadas e disruptivas. Muitos profissionais acreditam que, para serem inovadores, precisam adotar uma série de tecnologias, mesmo sem avaliar os reais impactos que elas podem trazer ao dia a dia da empresa. Contudo, posso garantir que tecnologia é apenas um meio e não um fim. Portanto, ela deve ser usada com estratégia e sabedoria.

Inovação é complexa

É muito comum as pessoas se desesperarem quando começam a estudar sobre futuro e tendências. Muitos profissionais são alarmantes ao tratar o tema, o que faz com que gestores e empresários acreditem ser algo complexo demais, que deve ficar em stand by, para um momento oportuno. No entanto, o futuro está sendo construído dia após dia e, deixar para depois é o maior erro quando o assunto é inovação. A dica é começar pequeno, investir em experimentação e buscar conhecimento de alto nível sobre o tema, sempre procurando por cases e boas referências.

Inovação é cara

Como normalmente associam inovação à tecnologias de ponta, a maioria dos empresários pensa que inovar custa muito caro, portanto, é algo restrito às grandes empresas, que dispõe de um budget maior. Lego engano. Existem inúmeros exemplos de inovações simples, eficazes e que não custam nada ou quase nada. Inovação tem muito mais a ver com uma mudança de mentalidade do que com qualquer outra coisa. Ao aprender a pensar diferente, ela surge de forma muito mais natural e efetiva, sem gerar grandes custos.

Inovação é criatividade

Muitas pessoas associam a inovação à ideação, principalmente com os post-its coloridos espalhados pelas paredes do escritório. A inovação, impreterivelmente, passa sim pelo processo de criatividade, mas não é só isso. A ideação é apenas uma parte do processo. Ser criativo e gerar novas ideias é superimportante, mas as paredes não são capazes de fazer muitas coisas com elas. Ou seja, só ter ideias não garante que uma empresa seja capaz de inovar. É preciso ir para a prática.

Precisa de um laboratório

Tenho visto muitas empresas se julgarem inovadoras simplesmente porque dispõe de uma sala cheia de pufes coloridos, desenhos nas paredes, vídeo game e muitas outras distrações para os colaboradores. Acreditem, isso não é inovação, mas sim descompressão. É claro que um ambiente leve, que permita a liberdade de expressão favorece muito a criação de novas ideias, mas sozinha, sem processos, essas salas não são capazes de garantir a inovação. Assim como a ideação, elas são só uma etapa e nem sempre são necessárias. Muitas empresas não tem um espaço como esse e conseguem inovar de forma contínua.

Inovação é só para o P&D

Assim como muitos acreditam que é preciso um ambiente reservado para a inovação, costuma-se associar o tema à área de pesquisa e desenvolvimento, o famoso P&D. Logicamente, essa é uma área fundamental para criar e implementar inovações, mas ela não pode ser uma ilha dentro da empresa. A inovação precisa engajar todos os setores, em especial aqueles que estão diretamente ligados ao cliente e à operação, que é de onde normalmente saem os melhores insights para mudanças significativas.

Inovação é importante, mas não é urgente

As pesquisas mostram que a maioria dos empresários acredita que inovar é importante, mas dificilmente conseguem um tempo para se dedicar ao tema. A maioria dos gestores é tragada pelos compromissos cotidianos, sendo esse assunto sempre postergado. Eles ficam imersos nas pendências e acabam se esquecendo das tendências, que ditam os novos rumos do mercado. Portanto, é imprescindível que todos os profissionais dediquem tempo ao assunto, em especial os que estão em cargos de liderança.

Norma de inovação é contraproducente

Foi publicada recentemente uma norma ISO de inovação, a 56.002, que garante a criação de um sistema de gestão voltado ao futuro. Num primeiro momento, muitos acreditam que uma norma engessaria um processo que depende de liberdade e criatividade. Mas, ao contrário do que possa parecer, a própria ISO inovou e essa é uma norma de diretrizes e não de requisitos, ou seja, ela aponta caminhos, mas não apresenta uma receita infalível. Baseada em oito pilares, essa norma permeia todos os aspectos necessários para que uma empresa de qualquer porte e segmento crie uma gestão capaz de transformar ideias em resultados.

Ao desconstruir os principais mitos sobre o tema, a inovação deixa de parecer um bicho de sete cabeças para se tornar um hábito dentro das empresas. Por mais que o assunto pareça novo, cabe destacar que a humanidade inova desde o tempo da pedra, criando novas ferramentas, organizando novas formas de se viver em sociedade e instigando novos comportamentos. Nós somos os maiores protagonistas de todas as mudanças que vem acontecendo no mundo e, por mais que nos assustemos com o assunto, somos os maiores interessados em inovar.

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