A história da humanidade está repleta de pessoas que, com muito esforço e inteligência, conquistaram poder, status e prestígio, ao longo de sua existência. Mas o que chama nossa atenção, de forma muito especial, é a dificuldade que estas mesmas pessoas apresentaram para lidar com o ostracismo.
O gradativo esquecimento da imagem pública muitas vezes vem também acompanhado pela perda do reconhecimento no universo familiar. O que se observa, na maioria dos casos, sendo até uma atitude bastante comum, que ao ter privilegiado a base da sua autoestima na imagem pública, estas pessoas terminam descuidando das suas relações com os “próximos”, por excesso de preocupação em agradar os “distantes”.
Em vários casos a tendência é que nessa fase apareçam características de depressão, tendência ao suicídio ou vários tipos de rupturas familiares. Também podem surgir, de forma mais intensa e ampliada, arrependimentos em relação ao passado. Atitude esta que pode inibir a capacidade de olhar e planejar o futuro, de uma maneira mais positiva.
Nesta categoria de pessoas, vamos encontrar empresários, executivos, artistas, políticos, esportistas, modelos, governantes e lideranças em geral.
Entre as consequências mais comuns desta conduta podemos destacar:
- Descaso em construir um legado, que assegure a continuidade da sua obra e conquistas;
- Descuido no encaminhamento de um processo sucessório, e de continuidade, que prepare outros, para que possam aderir aos sonhos, e assegurar a preservação da “obra” de forma renovada;
- Dificuldade em construir uma nova identidade, quando ainda em pleno desfrute das conquistas, mas que esteja desvinculada do gradativo, ou rápido, desaparecimento da anterior;
- Surgimento de conflitos – emocionais ou materiais - entre os descendentes, herdeiros, familiares e admiradores;
- Tendência a gerar condutas muito contraditórias, entre a vida pessoal e profissional, que podem influir negativamente, ou até gerar conflitos, entre os continuadores.
Vale o registro de um recente depoimento de Fernanda Montenegro – atriz de amplo reconhecimento público e com 88 anos – quando diz “que o problema está nas pessoas que transformam o sucesso em glórias. Sucesso é o que sucede. Vim com essa vocação e nunca me deslumbrei. Quero fazer direito o meu trabalho e vibro com estes acontecimentos”.
Com a certeza de que o acima descrito não cobre todas as variáveis que envolvem tão complexo tema, vale enumerar algumas provocações para aqueles que desfrutam do poder, sucesso ou prestígio.
- Avalie e reflita sobre este assunto, de preferência em vida. E mais ainda, no auge da realização;
- Procure olhar sua passagem pela vida numa perspectiva de obra e legado;
- Compartilhe seus sonhos e aspirações com seus descendentes e herdeiros, da forma mais inspiradora, preventiva e educativa possível;
- Inclua a transcendência nas suas reflexões e naquilo que manifesta, íntima e publicamente.
- Compreenda que sua transcendência maior não será de ordem material, mas sim de valores, conduta, etc.
- Tenha em mente que o aumento da longevidade torna estas reflexões mais importantes e desafiadoras.
Enfim, tenha consciência de que cabe a você estabelecer propósitos que o torne maior do que sua existência.
Autor: Renato Bernhoeft
http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/poder-status-e-prestigio-encantos-e-riscos/113305/
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